Presente no Brasil, desde 2004, atuando inicialmente através de distribuidores, o Grupo XCMG – que hoje ocupa a 1ª posição no setor de máquinas pesadas no mercado chinês e a 3ª no mundo – se consolidou no país com a inauguração, em 2014, da fábrica em Pouso Alegre (MG), com investimentos de US$ 300 milhões. Esse é o marco de 10 anos que a empresa comemorou dia 6 de junho, na própria fábrica, reunindo aproximadamente 350 pessoas entre autoridades do Governo do Estado de Minas Gerais, representantes da embaixada e consulado da China, além dos presidentes da XCMG América Latina e Brasil.

“Os aportes em fábrica e produção local, aliados aos 10 anos de esforços, resultaram num caminho de desenvolvimento de alta qualidade, passando da importação de produtos para a exportação de capital. O Brasil é peça fundamental no propósito do Grupo XCMG de alcançar a liderança mundial, sempre alicerçada no aprimoramento tecnológico, valores e objetivos muito bem definidos”, afirmou Li Hanguang (foto), presidente da XCMG Brasil.

No ano passado, a empresa anunciou investimentos de R$ 270 milhões para a construção de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, inaugurado no último mês de novembro, com o objetivo de aumentar a adequação das máquinas aos mercados nacional e latino-americano, colaborando tecnologicamente para o desenvolvimento de novos modelos.

Num mercado mundial cada vez mais competitivo, o diretor comercial da XCMG Brasil, Renato Torres, reforçou a posição da empresa não só como líder na fabricação de máquinas pesadas, mas também como parceira estratégica no desenvolvimento e modernização de infraestruturas de empresas.

Trajetória

Antes, porém, de inaugurar essa que seria a maior base industrial do grupo no exterior no que diz respeito a máquinas para o setor de construção e faturamento – e que atingiu em uma década de atividades a produção de 23.456 equipamentos – dois importantes eventos públicos sinalizavam que a empresa chinesa tinha realmente vindo para ficar. O primeiro deles, o 1º XCMG Customer Day-Brasil, realizado dia 16 de setembro de 2010, em Vitória (ES). O segundo foi o anúncio, em maio do ano seguinte, já em Pouso Alegre (MG), definida como cidade-sede, do investimento na fábrica.

1º Customer Day

No Customer Day de 2010, foi anunciado um plano de investimentos a curto prazo que deverá estimular as vendas de guindastes no país. Seriam criados três centros de reposição – um em Recife (PE) e dois em São Paulo (SP) – e três instalações de montagem de máquinas – Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). As instalações seriam feitas em regime de joint venture com suas distribuidoras naquele período: GTM e BMC (em São Paulo) e Êxito (em Pernambuco). O aporte de recursos, segundo a XCMG, girava em torno de US$ 22 milhões e US$ 40 milhões.

O então vice-presidente da XCMG, Tang De Xin, afirmou na ocasião que a estratégia da XCMG era alcançar os países da América do Sul com uma base brasileira. “Já exportamos para os outros países da América, mas não vamos fixar instalações senão no Brasil. Aqui está o maior mercado. Neste e, talvez, no próximo milênio”. Saiba mais sobre o evento, na cobertura da edição 13 da Crane Brasil.

O anúncio da fábrica

Um ano depois, em maio de 2011, a XCMG anunciou a construção de uma fábrica na cidade de Pouso Alegre (MG), no sul do estado – a 180 km de São Paulo. O terreno tinha 806 mil m² e o investimento total no projeto era de cerca de US$ 200 milhões. “Os principais motivos [para a escolha de Pouso Alegre] são as vantagens em logística e mão-de-obra”, afirmou o então presidente da XCMG, Wang Min. Os equipamentos produzidos no Brasil serão destinados a importantes mercados em ascensão. Segundo Min, “as vendas começariam no Brasil, mas o objetivo é atender também toda a América Latina e a África”.

Durante o anúncio da construção da fábrica da XCMG no Brasil, foi assinado um tratado de amizade entre Pouso Alegre e Xuzhou, cidade-sede da empresa chinesa. Segundo Zhang Jing Hua, prefeito de Xuzhou, “esse tratado abre canais para que haja trocas culturais, comerciais e tecnológicas”. Para Agnaldo Perugini, prefeito da cidade, “com a assinatura do termo de cooperação mútua, de agora em diante, Brasil e China estão ligados. Agora o povo de Pouso Alegre e o povo de Xuzhou são povos irmãos”.

Início da produção

Em maio de 2014, dez anos após o desembarque de seu primeiro guindaste no país e dois anos depois de se estabelecer em território nacional, a XCMG inaugura, em Pouso Alegre (MG), uma fábrica projetada para produzir até 7.000 equipamentos por ano. “O Brasil é o país mais distante da China no qual atuamos, com cultura e práticas operacionais muito diferentes das nossas, e essa iniciativa nos aproxima desse mercado, além de sinalizar aos usuários da marca que viemos para ficar”, afirmou o então presidente da XCMG para a América e Oceania, Sam Shang.

Segundo ele, com a fábrica, seria possível oferecer ao mercado uma linha completa, com cerca de 120 modelos, entre guindastes móveis e de torre (gruas), plataformas aéreas de trabalho, empilhadeiras, equipamentos de terraplenagem, de concretagem e para obras rodoviárias, entre outros. “Vamos atuar em três frentes distintas: a importação de modelos completos, as montagens em regime CKD e a produção local.” O executivo ressaltou que, do volume exportado pela matriz chinesa em 2013, que totalizou US$ 1,4 bilhão, um terço foi para o mercado latino-americano, cabendo ao Brasil uma participação de 60% nas vendas para o continente.