A IMPORTÂNCIA DA CERTIFICAÇÃO DE TERCEIRA PARTE

Por Carlos Gabos (*)

De quem é a responsabilidade em fazer a análise, identificar os perigos, os riscos, e tomar as ações mitigatórias para ampliar o nível de segurança em todas as operações de movimentação de cargas de uma empresa? Uma vez identificado o responsável, quais são as suas competências e como os gestores e contratantes podem estar seguros de que esse profissional está capacitado.

Durante o período de dificuldades e incertezas da pandemia, com o intuito de diminuir despesas e vencer a crise, muitos equipamentos foram desmobilizados, profissionais perderam seus empregos e as capacitações ficaram paralisadas nesse período. Será que esse é o motivo de presenciarmos um aumento dos acidentes com equipamentos de guindar? Quando falamos de segurança não é admissível que as capacitações sejam só para atender os requisitos documentais e da legislação, é necessário comprovar que o profissional está apto para a função que irá atuar.

Nesse sentido é que a certificação de terceira parte é fundamental. Trata-se de um processo avaliativo, realizado por um organismo independente e com requisitos previamente definidos:

Competências – As competências necessárias em cada função para que o profissional desempenhe seu trabalho corretamente, com segurança, sem colocar a sua vida e de outros em risco.

Centros de Capacitação- As unidades de capacitação devem possuir padrões bem definidos de desempenho e serem auditadas, de modo que os profissionais por elas treinados adquiram a teoria e a habilidade necessárias para a função que irão desempenhar.

Certificação- O OPC (Organismo Certificador de Pessoas) é quem deve certificar que os profissionais tenham a competência comprovada para desempenhar as suas funções.

A Sobratema e a Abendi se uniram para estruturar um Comitê de empresas e profissionais que elaboraram um programa de certificação de terceira parte e já está disponível para ser acessado pelo site.

http://abendicertificadora.org.br/icamento/index.html#

Atualmente os profissionais, que já atuam na movimentação de cargas, podem ser certificados pelo método de crédito estruturado, onde o OPC Organismo Certificador de Pessoas, examina a documentação enviada pelo profissional comprovando: escolaridade, capacitação, experiência e aptidão física/mental e o certifica com base nessa documentação.

Nesse site estão disponíveis para consulta os profissionais certificados nas funções: Sinaleiro/Amarrador (Rigger) RI-N1; Supervisor de movimentação de cargas RI-N2; Rigger (planejador) RI-N3; Operador de Guindaste; Operador de Guindaste articulado hidráulico; Operador de grua; e Operador de ponte rolante e pórticos. Também estão cadastrados no site centros de capacitação que são auditados e cumprem os requisitos definidos pelo comitê.

Normalização ABNT

A ABNT (Associação Brasileira De Normas Técnicas), criou, em 2020 um Comitê de Estudos (CE 099:010.001), dentro do Comitê de Qualificação e Certificação de Pessoas (CB-099), para elaborar normas voltadas à certificação de pessoas que atuam na movimentação de cargas. Esse grupo tem se reunido via on-line com participação maciça de locadores, prestadores de serviços, fornecedores/fabricantes de guindastes e acessórios – além de empresas que compram esses serviços, como construtoras, mineradoras, petroquímicas etc.

A primeira norma criada foi a NBR 17089 Qualificação e Certificação de Pessoas para Içamento e Movimentação de carga com Equipamentos de Guindar – requisitos. Essa norma trata da certificação de terceira parte dos profissionais: Rigger (projetista das operações de movimentação de cargas); Supervisor de Movimentação de cargas; e Sinaleiro Amarrador de cargas. Por ter passado por duas consultas públicas, logo deve ser editada. Com essa norma editada outros OPC (Organismo Certificador de Pessoas) poderão ser criados para atender a necessidade do mercado.

O mesmo Comitê de Estudos também ficou responsável por atualizar a norma NBR 11436, editada em 12/1988, que trata da sinalização nas operações de movimentação de cargas. Com a inclusão da comunicação via rádio essa norma passou a chamar-se NBR 11436 Procedimento de Comunicação para Operações de Movimentação de Cargas com Equipamento de Guindar. Atualmente está em consulta pública e também deve ser editada em breve.

O que é Plano de Rigging?

Na fase de definições da norma NBR 17089, visualizou-se a necessidade de definir o que é um plano de rigging, o que deve compor esse plano e categorizar as operações de içamento de carga quanto aos riscos envolvidos para definir a necessidade de um plano de rigging completo ou só um planejamento formal.

Com esse objetivo um grupo de trabalho está escrevendo o texto base para uma norma a ser editada com o título: Diretrizes para o Planejamento de Movimentação de Cargas (plano de rigging). Esse será o próximo estudo que será colocado para a análise, alteração e aprovação do Comitê de estudos CE 099:010.001.

Atualmente essa Comissão de Estudos está trabalhando na norma de Qualificação e Certificação de Operadores de Guindaste, Guindaste Hidráulico Articulado e grua para trabalho onshore. As reuniões são mensais e on-line. A norma irá apresentar as competências necessárias aos operadores, de acordo com a categoria do equipamento que irão operar, e passarão por exame teórico e prático por um OPC Organismo Certificador de Pessoa. Com essa norma o OPC também poderá certificar os Organismos de Capacitação dentro do padrão definido pela Comissão de Estudos.

Essa Comissão de Estudos também ficou responsável por atualizar a norma NBR15466 Qualificação e certificação de operadores de ponte rolante, pórtico e semipórtico – Requisitos

As empresas poderão participar do Comitê de estudos acessando o Portal da ABNT www.abntonline.com.br/normalizacao ou através da ABENDI.