Agora é oficial. A Scania e a MAN anunciaram o início de um processo de cooperação para a produção conjunta de seus veículos pesados, a partir de 2016, com o objetivo de obter maior sinergia e ganhos de rentabilidade. A notícia foi divulgada pelas empresas durante o Salão de Veículos Comerciais de Hanover (IAA 2014), maior feira de transporte e logística do mundo, que está sendo realizada na cidade alemã, até o dia 2 de outubro próximo.
A iniciativa já era aguardada desde fevereiro deste ano, quando o grupo Volkswagen, controlado pela MAN, adquiriu 90,5% do capital da Scania. O primeiro passo em direção à cooperação mútua será na área de transmissão, com a adoção de caixas de câmbio de tecnologia Scania nos modelos TGS e TGX, os pesados e extrapesados da MAN. Segundo Martin Lundstedt, presidente e CEO da Scania, mesmo adotando componentes comuns em seus respectivos sistemas powetrain, o que determina o comportamento de cada modelo é o software que controla a caixa de câmbio.
Seguindo esse princípio, cada marca continuará adotando seu software específico, dentro da estratégia de mudança de velocidade estabelecida por suas respectivas áreas de engenharia. O objetivo é que as duas fabricantes trabalhem em conjunto no desenvolvimento da próxima geração de sistema de transmissão da Scania. Os detalhes da cooperação estão sendo elaborados em conjunto com a ZF, que permanece como fornecedora das duas fabricantes.
A colaboração poderá se estender, em um futuro breve, também para o desenvolvimento e produção de cabines, chassis e componentes eletrônicos, gerando um lucro operacional anual de 650 milhões de euros, segundo projeções das empresas. O comunicado conjunto ressalta que as duas marcas continuarão operando com estratégias de marketing e engenharia distintas, dentro da proposta multimarca do grupo.
No caso da MAN, por exemplo, o foco nos extrapesados não está em bater recordes de potência, mas em oferecer a melhor capacidade de tração para cada necessidade de transporte, como enfatiza o CEO da montadora, Anders Nielsen. Como exemplo, ele cita o extrapesado TGX D38, lançado durante a IAA 2014, que pode não ser o mais potente do mercado, mas cujo torque em todas as relações de transmissão proporciona o melhor desempenho no transporte em longas distâncias ou em operações extrapesadas.
O caminhão conta com um motor de seis cilindros e 15.2 litros, sendo oferecido em versões com 520 hp (torque de 2.500 Nm), 560 hp (2.700 Nm) e 640 hp (3.000 Nm). Essa última configuração é especialmente indicada para o transporte de cargas extrapesadas indivisíveis, contando com tração 8×4 e capacidade total de frenagem de 750 kW, incluindo o freio auxiliar Intarder. Ele foi projetado para transportar cargas de até 250 t.
Outro destaque da MAN no Salão de Hanover coube à divisão latino-americana da fabricante. Entre outros veículos expostos em seu estande, ela apresentou aos visitantes o Constellation 24.280, o caminhão mais vendido do Brasil, em sua nova versão 8×2. O modelo teve sua capacidade de carga ampliada em 6 t, na comparação com a versão 6×2, e conta com câmbio automatizado, desenvolvido em parceria com a ZF, proporciona otimização às trocas de marcha.