Em entrevista para a Crane Brasil, David Rodrigues, CEO da Makro Engenharias, fala desafios superados em 45 anos anos de atividades, e a capacitação técnica atual da locadora cearense que ganhou projeção nacional. A seguir, o fundador, Fernando Rodrigues, rememora como tudo começou no já distante ano de 1977.
Crane Brasil: Quais os grandes desafios operacionais superados pela Makro Engenharia?
David Rodrigues: Já participamos de vários projetos importantes e complexos, mas poderia destacar alguns como: montagem e transportes de sondas de perfuração de petróleo, montagem de fábricas de celulose, paradas de manutenção em diversas refinarias pelo Brasil, ampliação e montagem de fábricas de alumínio. Mais recentemente destaco os projetos de energia como, por exemplo, o de construção e no transporte dos rotores da Usina de Belo Monte, diversas termelétricas e mais de 3GW de parques eólicos. Na mineração, também participamos de vários projetos como: S11D, Salobo, Onça Puma, Carajás e ampliações no Porto do Maranhão. Em Minas Gerais atuamos na construção da Arena MRV e outro grande projeto que merece destaque foi a construção da CSP – Companhia Siderúrgica do Pecém.
Crane Brasil: Em que momento a Makro Engenharia deixou de ser uma empresa regional e passou a atuar em outros estados do país?
David Rodrigues: Nossa expansão geográfica começou em 1998, com a entrada de projetos para a Petrobras, abrindo nossa primeira filial no Rio Grande do Norte. Seguimos nessa expansão abrindo filiais no Pará, Amazonas, Maranhão, Piauí, Pecém, Pernambuco Bahia e Minas Gerais. Durante os períodos de baixa demanda, nos anos de 2014 a 2019, fechamos algumas filias, mas continuamos atuando de forma nacional e já executamos projetos fora do Brasil, como o realizado na Costa Rica, no segmento eólico.
Diversificação de mercados de atuação
Crane Brasil: Qual o principal segmento de mercado, o carro-chefe dos negócios da Makro Engenharia hoje?
David Rodrigues: A Makro definiu em seu planejamento estratégico de 2008 não ficar concentrada em um único setor, pois entendemos que as empresas que são muito focadas em um setor podem sofrer em momentos de sua desaceleração. Dessa forma atuamos de forma diversificada nos setores de energia, mineração, infraestrutura e siderurgia, dentre outros.
Crane Brasil: Como o Grupo Makro está estruturado hoje? Quais as certificações que a empresa possui?
David Rodrigues: A Makro hoje possui três áreas de atuação: Guindastes, Transportes e a Divisão Wind focada na montagem e manutenção de parques eólicos. Recentemente, o grupo montou uma operação de geração de energia solar na busca de se diversificar em setores promissores. Temos atualmente mais de 1100 funcionários atuando em todo o Brasil,em nossas 5 filiais atuais. Fomos uma das empresas pioneiras nas certificações ISO, sendo atualmente certificados nas ISO 9001 e ISO 14001. Também é com muito orgulho que há mais de 10 anos somos uma empresa GPTW – Great Place to Work, pois para a Makro nosso time é o nosso principal ativo.
Crane Brasil: Em que tipo de operações, a Makro Engenharia está capacitada a oferecer uma solução integrada para seus clientes?
David Rodrigues: Procuramos oferecer um serviço completo no setor de movimentação de cargas (guindastes, transportes, remoções, armazenagens etc) e logística interna (gestão total da logística dentro de plantas industriais), além de montagem de parques eólicos.
Crane Brasil: Qual o destaque da frota e qual foi o investimento mais recente que vocês fizeram na frota?
David Rodrigues: Oferecemos para o mercado brasileiro o guindaste telescópico de maior capacidade do mundo, sendo ele o nossos flagship com capacidade para 1.200 toneladas. modelo Liebherr LTM11200.9.2. Dentre os guindastes de esteiras temos equipamentos de 200 a 750 toneladas. Temos orgulho de oferecer uma frota bem completa para atender os mais diversos setores. Falando em investimentos estamos neste momento planejando alguns investimentos de ampliação e renovação de frota.
Digitalização da empresa: o Makro Space
Crane Brasil: Do ponto de vista da gestão quais foram as ações mais importantes dos últimos anos? Quais os objetivos e os resultados alcançados?
David Rodrigues: Falando de gestão e eficiência, a Makro iniciou em 2012 várias ações nesse sentido, tendo a principal a digitalização da empresa que batizamos de Makro Space. Dentro do Makro Space implantamos o CCO – Centro de Controle Operacional, implementando telemetria em nossa frota e gerenciando a distância nos nossos equipamentos, com o Makro Mobile plataforma digital de gerencia toda a jornada operacional colocando na palma da mão da nossa operação as atividades de mobilização, contrato, medição, faturamento, inspeções de equipamentos, etc. Por último, criamos o nosso Makro Academy plataforma de treinamento e capacitação via EAD da Makro que agilizou e padronizou toda nossa demanda de treinamento. Todas essas ações já geraram muitos resultados, mas ainda temos muito a explorar nesse novo mundo digital, e em breve teremos novidades.
Crane Brasil: Qual a avaliação da direção da Makro para o momento atual da economia do país?
David Rodrigues: O mercado brasileiro de movimentação de cargas passou por dois ciclos importantes um de 2006 a 2012, marcado por forte crescimento onde todos cresceram e investiram para atender os grandes projetos nacionais que o governo sinalizava e sofreu muito no ciclo de 2013 a 2019 com a forte desaceleração da economia. A partir de 2020, iniciou um ciclo de retomada. Atualmente as taxas de ocupação vem retomando aos níveis pré-crise, por volta de 75%, porém os preços ainda estão distantes do que deveria remunerar o capital dos acionistas do nosso setor. Esperamos que esse ciclo de retomada acelere e que tenhamos anos melhores para que todos possam voltar a um ritmo de renovação forte de frota e expansão.
Frentes de negócio em desenvolvimento
Crane Brasil: Como a empresa está se estruturando para ingressar (se já não ingressou) em duas frentes de negócio em grande desenvolvimento no país: os projetos eólicos offshore e a produção do chamado Hidrogênio Verde?
David Rodrigues: Quando o setor de eólica onshore iniciou no Brasil, final da década de 90 início dos anos 2000, fomos pioneiros nos investimentos de equipamentos e pessoal qualificado para atender o mercado. Nesses setores que estão por vir como o do hidrogênio verde e o eólico offshore não será diferente. Já temos estudos do perfil de tecnologia necessária para atender essas demandas. A questão agora é os projetos começarem a sair do papel, quando então faremos os investimentos para atender esse mercado, sempre analisando a viabilidade financeira dos projetos, pois, na Makro, crescer de forma sustentável é algo fundamental.
Crane Brasil: Quais as perspectivas para geração de novos negócios até o final do ano?
David Rodrigues: Estamos trabalhando em projetos bem interessantes, mas aprendi com os mineiros que é melhor “ficar quieto” até o fechamento dos mesmos, quem sabe numa próxima edição da revista já teremos assinado os contratos e aí podemos comentar e comemorar com seus leitores.
COMO TUDO COMEÇOU
Em 2022, a Makro Engenharia completa 45 anos de atividades. Com a sucessão bem encaminhada desde 2013, o fundador da empresa, Fernando Rodrigues, relembra daquele tempo já distante nos idos de 1977, quando decidiu estruturar um negócio no setor de movimentação de cargas. Não foi do dia para a noite. Formado em engenharia mecânica em Minas Gerais, e antes de dar vazão a essa “veia empreendedora”, como ele diz, Fernando estagiou e trabalhou em diversos setores – energia, óleo e gás e siderurgia – adquirindo uma visão de mercado que seria decisiva para a conquista de seus futuros clientes. Mais adiante, já como diretor da companhia de energia do Ceará (o mais novo a atingir essa posição até então), ele tomou algumas decisões importantes: antes de casar com sua futura esposa, Inês Rodrigues, se demitiu da companhia e fundou a Makro Engenharia.
Tomando por base e principal mercado o setor de óleo e gás, que já conhecia, “com uma Toyota Bandeirante e muita vontade de vencer”, iniciou seu negócio com pequenas obras e reformas. A seguir, diversificou e expandiu as atividades com a construção de estradas e montagem de linhas de transmissão. A engenharia civil era, portanto, um horizonte promissor para a nova empresa cearense, mas não era bem isso que Fernando tinha estudado e que o destino lhe havia reservado. “Na década de 90, verifiquei que existia uma grande demanda no Nordeste para uma empresa de içamento e movimentação de cargas, pois todas as existentes estavam sediadas no Sudeste do Brasil”.
Essa foi a percepção decisiva, que associava um nicho de mercado que podia ser atendido localmente e uma área em que ele poderia desenvolver a sua vocação. “Nossa estratégia era sempre estar atentos às oportunidades e verificar no mercado estrangeiro as melhores tecnologias”. Fernando Rodrigues acredita que hoje seria mais difícil essa alavancagem inicial. “Atualmente, já existem várias empresas em todas as regiões e o investimento em equipamentos está cada vez mais caro devido à desvalorização da nossa moeda”. Se as mesmas condições não estão dadas, as lições que Fernando passou aos seus filhos, que hoje estão à frente da empresa, com certeza servem de exemplo aos novos empreendedores.
“O principal legado que quero deixar para os meus filhos é um forte princípio ético nos negócios e que “nada cai do céu”, tudo que construí foi com muito trabalho, dedicação e suor. Não foi fácil passar por todos os governos, planos econômicos e ciclos de crise que o Brasil enfrentou, mas um dos segredos foi sempre estar acompanhado de colaboradores competentes, fiéis e comprometidos com o nosso projeto. Meus filhos sabem que o maior ativo da empresa são as pessoas e por isso cuidamos bem do nosso time”.
Ao chegar aos 45 anos de atividades e consolidada como uma das principais empresas de elevação de cargas e transportes especiais do país, a Makro Engenharia está aumentando seu quadro de colaboradores em virtude da abertura de novas filiais. Hoje são mais de 1100 funcionários. Tendo à frente David Rodrigues na Presidência, Fernando Rodrigues Filho, na Vice-Presidência, e Rodrigo Rodrigues, na Diretoria de Gestão Estratégica, a meta é entregar algo em torno de 19% a mais de receita neste ano, com novos projetos junto a clientes nos principais segmentos de mercado onde atua: Papel e Celulose, Mineração, Eólico, Siderúrgico, Infraestrutura, Portuário e Transportes.
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