CESTOS ACOPLADOS: A HISTÓRIA DE CHARLEY

CESTOS ACOPLADOS: A HISTÓRIA DE CHARLEY

Você já deve ter visto o vídeo. Viralizou. Se não viu, olhe para a foto abaixo e entenderá o caso. Um americano, de 45 anos, Charley Adams, dia 22 de março, um domingo, encostou um caminhão, com caçamba para trabalho aéreo, diante de uma casa de repouso, elevou-se até a altura do terceiro andar e conseguiu trocar umas palavras com a mãe, Julia Adams, que é residente no local e está em isolamento por conta da pandemia de coronavírus.

A cena se passou em New Middletown, em Ohio, e muitas mídias que repercutiram a história não tiveram dúvidas em propagar mundo afora que o coadjuvante da ação fora um guindaste. Mas vamos deixar essa tecnicalidade de lado. Quando conhecermos melhor o nosso Charley, veremos que ele nunca disse isso. E que também não considera o seu feito, tecnicamente falando, algo excepcional, desafiador. “Se essa pequena história puder fazer alguém sorrir, mesmo que seja apenas por dois segundos, significa que estamos fazendo algo certo”.

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Charley cresceu trabalhando com barcos e sistemas de elevação de cargas em New Port, Rhode Island, na costa leste dos EUA. Essa última habilidade o levou mais tarde ao trabalho de preservação de faias centenárias da Europa, como aprendiz e depois arborista em algumas das principais empresas de árvores da ilha. Ele se formou na Kent State University e passou 12 anos como arborista no Mill Creek Metro Parks, antes de fundar a Adams Tree Preservation em Poland (Ohio) com sua esposa, Corrie. Arborista certificado pela ISA (Sociedade Internacional de Arboricultura), Charley Adams é licenciado pelo departamento de agricultura do estado para avaliar riscos em árvores e resolver o problema, com foco na preservação, com as melhores práticas.

Em 2013, a sua empresa, a Adams Tree Preservation, que presta serviços para clientes residenciais e comerciais nos condados de Ohio, Mahoning, Trubull e Columbiana, adquiriu um Teupen Tracked Lift. Considerado o estado da arte para nesse segmento, o equipamento, sobre esteiras de borracha, passa por qualquer abertura com 1,04 m, e desliza suave e silenciosamente sobre a grama de quintais, gramados e campos de golfe. E o mais importante: com estabilizadores ajustáveis, trabalha em planos inclinados. Consome um décimo do combustível de um caminhão com cesto e tem alcance articulado de 22,8 m.

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Charley com sua mãe, Julia Adams

Para voltarmos ao episódio do Windsor Estates Assisted Living, a instituição onde reside sua mãe, e ao caminhão com caçamba, que não é exatamente uma maravilha como o Teupen Tracked Lift, vale a pena registrar um pequeno detalhe da trajetória profissional de Charley. “Minha mãe adora caminhões. Quando eu era criança, ela costumava me levar para olhar caminhões, tratores e outros equipamentos”.

Por isso, deve ter sido recompensador quando ele se postou ao lado de sua janela e disse ao telefone: “Mãe, olhe para fora, olhe para fora de sua janela agora”. E mais ainda, quando ela apareceu: “Oh, meu filho incrível, o que você está fazendo?”. Foi uma pequena compensação para ela, que saía para almoçar com filho pelo menos um ou duas vezes por semana. Postado no Facebook, o vídeo também fez com que amigos e familiares também passassem a ligar para a matriarca dos Adams. E o próprio Charley promete fazer novas incursões aéreas.

“É o caminhão com cesto mais simples e confiável de todos os tempos, com 15 mil horas e perfeitamente operacional”, explicou Charley à Crane Brasil. É uma lança modelo AL-50, ano 1988, da Aerial Lift, de Connecticut com altura de trabalho de 55 pés (16,7 m) e especialmente configurada para o corte de árvores. Utiliza um sistema hidráulico de cabo para subir e descer.

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Segundo Charley, a operação é suave e incrível para trabalhar em torno de linhas de energia e outras interferências. “É o equipamento mais confiável que possuo e também o mais antigo. Infelizmente, a Aerial Lift de Connecticut foi comprada pela Altec e a fábrica foi fechada. Eles não estão em produção, mas as peças ainda estão disponíveis”.

Já o caminhão é um International 4700, ano 1999, com um motor diesel DT466. “Meu amigo Jeff, do East Coast Crane and Aerial Service (uma oficina especializada da região) cuida do meu caminhão. Ele sabe tudo o que há para saber sobre a caçamba de elevação aérea”. Charley diz que foi muito bom ter podido conversar conosco e manda um recado de Ohio: “Espero que todos estejam seguros no Brasil”. Para superar essa crise, ele costuma usar uma única palavra, aliás o nome do barco de seu pai, que era marinheiro: “Perseverança”. (Por: Wilson Bigarelli)

 

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