Há exatos dez anos, em 2011, o Brasil tinha menos de 1 GW em potência instalada em seus parques eólicos. Um investimento de US$ 31,3 bilhões, entre 2011 a 2019, mudou radicalmente esse patamar. Em fevereiro deste ano, a ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica), tornou público o status atual. Nada menos do que 695 usinas instaladas, com mais de 8.300 aerogeradores, uma capacidade instalada de 18 GW – garantindo ao país a 7ª posição no ranking global (onde o patamar já se aproxima da casa dos 100 GW).
O investimento total no segmento no Brasil em 2020 ainda está sendo consolidado, mas é possível ter uma base: em 2019, foram US$ 3,45 bilhões. E, considerando-se os projetos atualmente em implantação, já há uma perspectiva clara de aumento da capacidade instalada nos próximos dois anos: 3,4 GW. Ao contrário de outros projetos de geração elétrica no país, o segmento eólico já nasceu sob a órbita privada, onde o estado exerce um papel regulador e de fomento, através de linhas de financiamento do BNDES e de bancos estaduais. O caráter privado desses empreendimentos atraiu grandes grupos internacionais, sobretudo da Europa, de onde provêm hoje os grandes players desse mercado no Brasil.
Uma atratividade acentuada nos últimos tempos por ou outro fator: o mercado livre de energia. Sim, porque, até há pouco tempo, o grande impulso aos novos projetos era dado pelos leilões esporadicamente realizados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Os próximos (A-3 e A-4), por exemplo, estão previstos para ocorrer, de forma sequencial, a partir do final de junho – e, do total de projetos cadastrados, 62,5% ou 1050 são de energia solar.
Os eólicos estão incluídos em um segundo grupo, que inclui também hidrelétricas, termelétricas e geração com biomassa. Mas poucos empreendedores do segmento eólico estão esperando os leilões para nortearem seus investimentos. Pelo contrário, grande parte dos projetos em construção está fundamentada em contratos negociados no mercado livre de energia. De hoje até o fim de 2022, a projeção é somar mais 6,2 mil MW somente no mercado livre.
O empoderamento do consumidor
Ou seja, o que já trazia em si o dinamismo do setor privado ganhou um ritmo ainda maior com o empoderamento dos grandes consumidores. Tanto que já há abertura para a discussão de projetos offshore, com um futuro promissor, inclusive no Brasil, alavancado pelas empresas de óleo e gás para potencializar sua expertise em mar aberto – não somente para produção de energia, mas também do chamado hidrogênio verde.
E isso, obviamente, tem consequências no cronograma dos projetos e, em consequência, no nível de exigências requerido dos prestadores de serviço, seja na implantação dos parques, seja na manutenção dos mesmos. A face mais visível, para empresas de elevação e transporte de cargas, são componentes eólicos a cada dia maiores, em peso e dimensões.
A Siemens Gamesa, por exemplo, que já tem 1,9 mil aerogeradores em funcionamento no Brasil, já partiu para um novo equipamento, com rotor de 160 m de diâmetro e 6 MW de capacidade. E a Vestas já fez, em outubro passado, o upgrade de sua turbina V150, para 4,8 MW. O contratante, portanto, tem pressa em gerar o máximo de energia – e não abre mão da qualidade, tendo em vista as expectativas de seu próprio cliente na ponta do processo: o grande consumidor.