Por Karen Feldman Cohen
Não há outra forma de as empresas saberem se os preços praticados compensam os custos, pagam os impostos e ainda geram algum lucro, sem conhecerem profundamente seus custos. Aqui não há nenhuma novidade, todavia não é nada incomum que muitas empresas não os conheçam.
“Apesar de a pandemia não ter impactado no volume de transportes e movimentações de cargas pesadas e excepcionais em 2020, os fretes e os preços das prestações de serviços se mantiveram, na grande maioria dos casos, no mesmo patamar, apesar da forte elevação de custos”, lembra Dasio de Souza e Silva Jr.,vice-presidente executivo do SINDIPESA (Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais).
Há no Brasil centenas de empresas que operam na prestação de serviços e locação de guindastes, sejam eles dotados de lanças telescópicas ou treliçadas, sobre pneus ou esteiras, não articulados e articulados. A enorme maioria de guindastes em operação no Brasil é importada da Europa, do Japão, China e Estados Unidos. Assim, qualquer variação nas moedas estrangeiras em relação ao Real interfere imediatamente e diretamente nos custos dos equipamentos, destacadamente o Dólar e o Euro, que são as moedas comumente utilizadas nas transações comerciais internacionais.
A variação cambial também interfere na remuneração do capital, na depreciação do bem, no valor da apólice de seguro do equipamento, na aquisição de peças de reposição que não são fabricadas no Brasil e não dispõem de benefícios de isenções de impostos, pneus e até no óleo diesel.
Outros importantes itens que compõem os custos são: mão de obra especializada operacional, de manutenção e técnica, treinamentos, atualizações e certificações, EPIs, uniformes, refeições, hospedagens e pneus, entre tantos outros.
Remuneração sobre o capital investido
Manter as equipes treinadas e qualificadas, os equipamentos em perfeitas condições de uso e realizar todas as manutenções preventivas, assim como a utilização de todos os EPIs e obediência às Normas Regulamentadoras ligadas ao setor, é altamente necessário não só para obter a excelência na prestação do serviço, como para a segurança das operações e de todos os envolvidos nela.
Nada mais justo que, ao investir em um determinado equipamento, o investidor tenha uma remuneração mensal sobre o capital investido. Isso cabe não só para guindastes, mas para todos os bens adquiridos que são parte do processo de produção e prestação de serviços. Contabilmente, a depreciação de equipamentos para movimentação de cargas equipados com dispositivo de elevação se dá em dez anos e admite-se um valor residual de 40%.
Todo bem tem o início de depreciação de seu valor no ato da compra e, além de sua importância contábil, as empresas devem considerar a necessidade de criar reserva quando houver a necessidade de substituir o bem para que haja sustentabilidade do negócio e da empresa.
“Sem um real realinhamento de preços que propicie retorno aos investimentos já realizados pelas empresas não há como investir em renovação de equipamentos e haver crescimento do setor e, infelizmente, há grande possibilidade de que empresas que não se protegerem através do necessário realinhamento de preços virem a sucumbir em curto espaço de tempo”, afirma Dasio.
A maioria dos custos avança em tal velocidade que o SINDIPESA resolveu divulgar regularmente a Tabela Referencial de Custos de Guindaste em seu site. Nela não estão incluídos impostos e custos administrativos e tem por finalidade balizar o custo da locação de cada tido e capacidade de guindastes, por hora de locação, considerando a utilização do equipamento em 200 horas mensais, não devendo, em hipótese alguma, ser considerada como preço.
Tabelas referenciais de custos (*)
Fonte: SINDIPESA – abril (2021)