O Porto de Santos recebeu, nesta terça-feira (23) a homologação da Marinha do Brasil para receber navios de 366 metros, as maiores embarcações previstas para a Costa Leste da América do Sul. A entrega do termo aconteceu na sede da Santos Port Authority (SPA), com a presença de Diogo Piloni, titular da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA) do Ministério da Infraestrutura (Minfra), e do Capitão dos Portos do Estado de São Paulo, Marcelo de Oliveira Sá.
A autorização para receber navios de 366 metros amplia a vocação de Santos como hub port da América do Sul. Com quase 30% da corrente de comércio nacional, o complexo portuário santista já se prepara para maiores movimentações de contêineres, com as ampliações previstas dos terminais já existentes e o planejamento da destinação de outras duas áreas, no Saboó, margem direita, uma para terminal portuário e outra para retroportuário.
Incentivo à cabotagem beneficia porto
Além disso, a BR do Mar, projeto do Minfra de incentivo à cabotagem, deve beneficiar o Porto como concentrador de carga. Mesmo sem considerar a BR do Mar, o crescimento previsto é de 3,3% ao ano para este tipo de carga, saindo hoje de cerca de 4,4 milhões de TEU para 7,9 milhões em 2040, conforme projeção do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos, aprovado no ano passado. TEU é a medida padrão, equivalente a um contêiner de 20 pés.
Hoje o Porto de Santos recebe embarcações de até 340 metros de extensão, com capacidade para cerca de 9 mil TEU. Com a homologação pela Marinha de novo tamanho máximo para navios, será possível aumentar a capacidade para 14 mil TEU, considerando um navio porta contêiner com 366 metros de comprimento e 52 metros de boca (classe New Panamax).
Estudos comprovam viabilidade dos navios de 366 m
A SPA, em processo que envolveu também a Praticagem de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP), estudou e realizou simulações manobrabilidade, interação hidrodinâmica e planos de amarração, comprovando a viabilidade de tráfego dessas embarcações no canal de navegação. Os pesquisadores utilizaram simulações matemáticas em que foram levados em conta o cenário atual do canal, com profundidade de 15 metros, e um cenário futuro, com profundidade de 17 metros, viável para navios de até 15 mil TEU.
A Brasil Terminal Portuário (BTP), a DP World e a Santos Brasil fizeram, cada uma, um estudo sobre a manobrabilidade e viabilidade de chegada de embarcações desse tamanho em seus terminais e os entregaram à SPA, que consolidou os trabalhos, submetendo à análise da Capitania dos Portos de São Paulo e à Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil.
O acompanhamento que a SPA faz do mercado aponta que a movimentação de contêineres vem aumentando de forma constante ao longo dos anos. Houve um recuo pontual na primeira metade do ano passado, com recuperação a partir de julho que chegou ao recorde mensal em dezembro. 2021 já começa com recorde estabelecido em janeiro e a perspectiva é de que o crescimento seja ainda maior, com a autorização da chegada de navios 366 metros.