Por Camilo Filho (*)
Ao manusear uma carga, os riggers devem sempre olhar para o ponto de contato no qual as cintas sintéticas estão sendo conectadas. A proteção da cinta usada ao longo do corpo pode evitar fricção ou cortes, mas muitas vezes o gancho do moitão está marcado com estrias deixadas pelos cabos de aço; também as travas de segurança são um ponto a se verificar na hora da colocação da lingada no gancho.
Um guindaste equipado com um gancho danificado pode causar danos nas cintas tão importantes quanto um corte ou atrito. As travas são mantidas fechadas por meio de uma mola, embora não sejam particularmente afiadas, as bordas da trava poderiam possivelmente morder a cinta e cortar a sua borda.
CUIDADO COM BORDAS AFIADAS
Se as cintas sintéticas forem colocadas diretamente no seio de um gancho que esteja marcado ou “mordido”, as bordas podem agir como uma navalha e cortar a mão da cinta durante o processo de amarração e içamento. É o mesmo tipo de evento que pode ocorrer quando usamos manilhas que são normalmente usadas com cabos de aço, e posteriormente são colocadas em serviço com as cintas sintéticas.
Inspecione sempre os pontos de contato utilizados em todos os acessórios. Se os acessórios ou conexões podem causar danos ou cortar qualquer eslinga quanto estiver sob tensão, marque o componente e faça a correção do problema ou substitua-o. Alguns fabricantes de acessórios permitem o enchimento manual e posterior polimento de seus componentes, de modo a manter suas superfícies lisas.
Siga as instruções do fabricante sobre reparo e perda máxima permitida de seção transversal do componente ao considerar o reparo do acessório. Da mesma forma, ganchos simples com travas de seguranças de mola podem comprometer as cintas sintéticas. Suas bordas podem não ser particularmente afiadas, mas poderiam “morder” uma cinta plana sintética e cortar sua borda. Então, qual é a regra quando a trava de segurança em um gancho de guindaste danifica uma cinta sintética?
De acordo com a ANSI B30.9: “As eslingas em contato com bordas, cantos, saliências ou superfícies abrasivas devem ser protegidas com um material resistente, espessura e construção suficientes para evitar danos.” Além disso, “As eslingas não devem ser esmagadas, agrupadas ou beliscadas pela carga, gancho ou qualquer outro acessório.”
EVITE AMONTOAR AS ESLINGAS NO GANCHO
Quando há muitas eslingas (cabos, correntes ou cintas) no gancho, ou a eslinga está superdimensionada em relação ao tamanho do gancho, o resultado é uma situação em que a trava pode danificar a própria eslinga.
A primeira opção seria usar uma manilha tipo âncora de pino roscado e, a partir daí, montar a amarração. Esta é uma alternativa aceitável para montagem no gancho. Uma opção ainda melhor, porém, é usar uma montagem de anelão mestre com sub-anelões e duas manilhas retas. Esta configuração evita o agrupamento das eslingas e ajuda a proteger de bordas afiadas.
O rigger deve prestar atenção aos ganchos de guindaste em uso, especialmente quando são usados diferentes tipos de lingadas no mesmo gancho. Centenas ou até milhares de içamentos com acessórios ou cabos de aço podem resultar em danos no seio do gancho, deixando marcas profundas e deslocamento do material. Embora não exceda os critérios de descarte estabelecidos pelo fabricante do gancho, este fenômeno pode resultar em bordas afiadas e comprometer a eslinga que nele está sendo usada.
O rigger deve sempre olhar para o ponto de contato ao qual uma cinta sintética está conectada. Um gancho ou manilha pode causar dano ao acessório.
Uma opção para evitar o dano na cinta quando o seio do gancho está danificado, é usar uma manilha tipo âncora e daí partir a amarração. (a) A melhor alternativa é usar um anelão mestre com subelos. (b). Neste caso a cinta é desproporcional ao gancho, a trava poderá danificar a cinta. (c)