BERTING: O BRAÇO BRASILEIRO DE UM GIGANTE ALEMÃO

Por Wilson Bigarelli

Mais do que centenário, o grupo alemão Bertling completa 153 anos em junho de 2018, contados a partir do distante ano de 1865, quando Friedrich Bertling fundou sua própria agência de fretamento em Luebeck, na região de Hamburgo, no norte da Alemanha, estabelecendo pioneiramente a rota com os países escandinavos. A história toda, obviamente, não cabe aqui. Basta dizer que a Bertling, de lá para cá, tornou-se global, com 60 escritórios,  em 30 países, distribuídos em oito regiões ao redor do mundo. E, também, que o core business original mantém-se, praticamente, o mesmo: gerenciamento e propriedade de embarcações, fretamento e logística de transportes.

Foi com esse foco específico que a Bertling se estabeleceu efetivamente na América Latina, com os primeiros projetos, a partir do ano 2.000, primeiro no Peru (atendendo também o Chile), depois, em 2017, no Brasil e, mais recentemente, na Colômbia. Hoje, a Bertling Logistics tem cinco escritórios na região – três deles no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus.

“A Bertling possui, entre as diversas divisões de negócios, uma própria de engenharia de transportes especiais. No Brasil, somos conhecidos pela criação e execução de diversas soluções de engenharia transportes super especiais inovadoras e únicas”, diz Paulo José Alves dos Santos, diretor geral da Bertling Logistics Brasil

Segundo ele, a Bertling Logistics Brasil geralmente é contratada pelo cliente final para desenvolver e gerenciar a logística de transporte, obter as licenças necessárias e dimensionar os equipamentos e recursos necessários. Nesse caso, desenvolve soluções próprias e subcontrata serviços de transporte e de elevação de cargas. “Há o caso também de locadores de guindastes e transportadores contratam a Bertling Logistics Brasil para desenvolver e gerenciar o projeto em parceria”.

Paulo Santos lembra que uma operação recente exemplifica bem o primeiro caso. A Bertling Logistics Brasil foi contratada pela Engie Brasil Energia para viabilizar uma solução de transporte, a partir de Rio Grande (RS), de dois grandes equipamentos encomendados pela Termelétrica Pampa Sul, localizada em Candiota (RS): um transformador, de 233 t, e um gerador de 361 t.

Solução logística desafiadora

A solução proposta então pela Bertling dividiu-se em duas etapas. Primeiro, os dois equipamentos foram transportados juntos por balsa, em julho de 2017, até o Porto de Pelotas. Em paralelo a isso, a equipe de engenharia da Bertling definia a rota e fazia o cálculo estrutural de todas as pontes do trajeto, juntamente com a Engeti Engenharia, empresa credenciada pelo DNIT para fins de licenciamento de transporte. Foi necessário então conceber e construir reforços em algumas das pontes, em especial a Ponte sobre o Arroio Fragata, que foi reforçada com a moderna técnica de utilização de fibra de carbono. Esse trabalho foi feito pela engenharia da Bertling em parceria com a Engeti e a execução da Pires Engenharia.

À essa altura, a Bertling Logistics Brasil já havia contratado a Locar Transportes Intermodais, que já havia feito a elevação dos equipamentos no porto, para também operacionalizar o transporte com sua equipe de campo e seus equipamentos transportadores. O trecho principal, entre Pelotas e Candiota, soma 150 km e, dado o peso dos equipamentos, a Locar disponibilizou alguns destaques de sua frota para a formação dos conjuntos transportadores.

No transporte do gerador (como relatado na edição 56 da Crane Brasil), foram utilizados dois caminhões extrapesados Oshkosh 6×6 de 500 CV de potência, um Scania R500 6×4 e um Scania G470 6X4, além de dois conjuntos de 22 eixos Goldhofer com 352 pneus e uma viga Cometto com miolo de 20 m. O PBTC (Peso Bruto Total Combinado) foi de 847 t, com 125 m de comprimento e 5,8 m de largura. Foi realmente o maior PBT que já trafegou em Rodovias Federais, segundo assessoria da Polícia Federal.

Nesse caso , não se pode deixar de mencionar que o projeto, o cálculo estrutural e a fabricação de novos componentes que permitiram que a viga da Locar pudesse de forma inédita receber 44 eixos numa nova geometria, assim como o acompanhamento desta montagem, foram feitos pela Bertling, com supervisão de um dos mais experientes profissionais de sua equipe atual, Lucas Tolentino.

Atendendo ao cronograma da obra, sob responsabilidade da empresa chinesa SDEPCI, o gerador foi transportado primeiro, chegando à planta de Candiota no dia 14 de novembro. Dia 18 de dezembro, foi a vez do transformador chegar à cidade, depois de dois dias de viagem. Em janeiro de 2018, a Termelétrica Pampa Sul está com 75% das obras concluídas e a expectativa é que entre em operação em janeiro de 2019.

 

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