OPÇÕES PARA IÇAMENTO NA MAIOR FEIRA DO ANO

Por Wilson Bigarelli

A M&T Expo’2018 – Feira Internacional de Equipamentos para Construção e Mineração não poderia ter ocorrido em melhor momento, dado o tumultuado ano eleitoral, marcado por manifestações, inclusive a paralisação dos caminhoneiros que impediu a realização da feira no mês de junho. Ao abrir suas portas, de 26 a 29 de novembro, o maior evento de equipamentos da América Latina recebeu um público, estimado em 40 mil visitantes, aliviado ou conformado com o resultado das urnas, no âmbito federal, estadual e no Congresso Nacional.

Fabricantes, prestadores de serviço e o público, formado por empreendedores, empresários, executivos e profissionais que atuam nesses dois segmentos de mercado (construção e mineração) tinham até um motivo extra para comemorar – além da definição de novos governantes e parlamentares para os próximos quatro anos, o que em si já era importante, a escolha majoritária, em quase todo o país, de candidatos, a começar pelo novo presidente, de orientação liberal, no sentido econômico do termo, também colaborou para o clima de otimismo.

Com isso, criou-se a expectativa de que, finalmente, os grandes projetos de infraestrutura deslanchem e o investidor, do Brasil e exterior, aumente os investimentos nos mais variados segmentos da economia. Aliado a isso, muitos constatavam que a economia já havia dado sinais de recuperação a partir da metade do ano. Parecia, e a perspectiva se mantém, de que, depois de um longo ciclo recessivo, o Brasil tem todas as condições para entrar em uma nova etapa de crescimento a partir de 2019.

Mesmo no primeiro dia (uma segunda-feira) os expositores já começaram a receber visitantes interessados em cotações e mesmo em fechar negócios. Um ambiente que há muito tempo não se via. E a própria feira, com organização da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) e da Messe München, promotora da Bauma, embora menor, parecia lembrar sua última edição, em 2015, no mesmo São Paulo Expo. Naquele ano, poucos anteciparam a crise que se seguiria e os expositores se esmeraram em apresentar o que tinham de melhor.

Cesar Schmidt, gerente de guindastes móveis da Liebherr

“Fico muito feliz de poder voltar à M&T Expo. Estivemos em todas, desde a primeira, em 1995, realizada na Bienal do Parque Ibirapuera. E eu fui o louco que coloquei um guindaste lá dentro. Não sei se me deixariam fazer isso hoje”, diz Cesar Schmidt, gerente de guindastes móveis da Liebherr. Ele também está confiante neste novo momento e se diz conservadoramente otimista. “O pessimismo já passou. A gente vê algumas consultas e projetos mais consistentes. Já realizamos negócios nesse período pós-eleitoral e o cliente se sentiu confortável com um horizonte econômico mais favorável para fazer o investimento dele”.

Para o gerente de guindastes móveis da Liebherr a demanda por máquinas vai continuar, principalmente quando se considera que a frota no Brasil hoje, apesar de nova, já apresenta uma defasagem tecnológica. “Uma coisa importante que a gente espera que aconteça também é a retomada no mercado de óleo e gás. A Petrobrás tem muito por fazer. O nosso setor é muito dependente do setor de óleo e gás. Com uma abertura maior, nós sabemos que dinheiro externo para investimento no Brasil existe – o que é preciso é segurança econômica e jurídica para que esse dinheiro venha”.

Recém-chegado ao Brasil, Masatoshi Hirano, que assumiu a presidência da Tadano Brasil, em setembro, diz que tem a mesma impressão de todos, de que a retomada da economia está acontecendo e que os investimentos estão voltando. Ele lembra, inclusive, que o CEO da Tadano, Koichi Kanno, veio do Japão ao Brasil especificamente para participar da feira. “O Brasil é muito grande e tem várias oportunidades para o mercado de guindastes. O que acontece é que, nessa fase de transição, o segmento de locação está um pouco complicado”, diz ele.

Masatoshi Hirano (4° a partir da esq.) com locadores e distribuidores na M&T Expo’2018

Masatoshi Hirano revela que o departamento de pós-venda da Tadano está ligando para todos os clientes perguntando o que a empresa pode fazer para garantir a disponibilidade e a produtividade das máquinas para garantir a sua rentabilidade, mesmo com preços depreciados de locação. “É muito importante para o mercado neste momento que ninguém perca nada”. Por isso mesmo, diz o presidente da Tadano do Brasil, a prioridade neste ano tem sido o investimento em pós-vendas.”Precisamos ter um pós-vendas bem robusto e alinhado. “Assim, quando nossos clientes voltarem a comprar uma máquina Tadano, eles já vão ter um histórico de que nosso pós-vendas continua bem estruturado aqui no Brasil”.

Wang Yansong, presidente da XCMG na América Latina

O Presidente da XCMG América Latina, Wang Yansong, afirmou durante a M&T Expo’2018 que a recuperação da economia brasileira encontrará a fábrica em Pouso Alegre (MG) já consolidada como um centro de produção e exportação para a América do Sul e países da África. “Nosso processo de startup e ajustes já está concluído. Estamos preparados para atender ao aumento na demanda por equipamentos, tanto na linha amarela quanto guindastes”. Operando com 60 a 70% da capacidade instalada e com algumas unidades em estoque (no início da feira), a fábrica brasileira é mesmo o grande trunfo da marca chinesa na região.

Tanto que, durante a M&T Expo’2018, promoveu a ida de vários grupos de clientes até Pouso Alegre, no período da manhã, para conhecer de perto as instalações. Um outro aspecto interessante que demonstra a confiança da empresa é que, mesmo em 2018, a marca não parou de contratar novos funcionários. A rede própria já conta com 17 distribuidores em todo o Brasil e a XCMG tem, no momento, técnicos em treinamento em países como Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai.

Compartilhando a expectativa otimista de seus concorrentes, o presidente da Terex, Gustavo Faria, acredita que a economia do Brasil passa por um momento de recuperação e que isso pôde ser constatado antes mesmo das eleições. Se os resultados ainda são decepcionantes na área de guindastes, tanto da linha Terex quanto da Demag (que vem conquistando novos usuários no mundo inteiro), o melhor termômetro para Gustavo Faria é o mercado de plataformas, onde concorre com a marca Genie. “É um negócio muito forte para a gente. Está havendo uma popularização no uso de plataformas. Durante a fase aguda da crise, explica Gustavo Faria, as máquinas maiores foram em grande parte reexportadas, pois atendiam a construção civil. E as máquinas menores ficaram e hoje estão todas ocupadas, em serviços de manutenção, reparos, em indústrias e shopping centers. “A taxa média de ocupação nas locadoras está 70, quase 80% e recomeçamos a vender para as construtoras”.

Gustavo Faria, presidente da Terex América Latina

Ele acredita que, quando os grandes projetos retornarem, já não haverá máquinas disponíveis. “É onde eu imagino que haverá um grande movimento de formação, renovação e formação de frota”. A Terex, lembra ele, manteve-se bem próxima das locadoras nos últimos anos, inclusive com programas que garantissem a disponibilidade das máquinas paradas nos pátios,e testemunhou um consolidação do segmento.”Imaginei que, na crise, as locadoras menores não iriam agüentar e as grandes iriam comprar. O que houve foi um intenso processo de reestruturação das grandes e parte das equipes saíram e montaram locadoras menores. Então, ao invés de um enxugamento no número de locadoras, aumentou”.

É claro que foi o duro golpe para a Manitowoc fechar a sua fábrica brasileira, ainda cheirando a tinta, em Passo Fundo (RS) por conta da crise brasileira. Mas a empresa, durante os últimos anos, além de acreditar na recuperação do país, sempre acreditou também na lealdade e fidelidade de seus clientes. É o que  diz Cristian Galaz, vice-presidente de vendas da Manitowoc para América do Sul. “O Brasil é grande e tem muitos projetos que estão esperando para começar. Os outros países da região estão tendo um comportamento mais ativo. E é uma tendência, um começo de recuperação, que também ocorrerá no Brasil, um país com tantas necessidades”.

Cristian Galaz, vice-presidente de vendas da Manitowoc para América do Sul

Ele lembra que as marcas Manitowoc e Grove são muito fortes e por isso a estratégia, em todos os anos de dificuldades, foi ficar bem perto dos clientes. “Mesmo que eles não comprassem nada. E acreditamos que isso dará resultados muito positivos quando o mercado voltar”, diz Cristian Galaz.“Estamos com os custos equilibrados e com pessoal qualificado para dar uma resposta rápida em caso de retomada das grandes obras de infraestrutura”

A Hyva do Brasil é um exemplo de empresa que soube administrar o período de crise e chega ao final de 2018 fortalecida. “Pronto, ninguém está, 100% pronto, para atender a uma retomada, porque a incerteza te deixa com o pé atrás”, diz Rogério de Antoni, presidente da empresa. Ele explica que a Hyva, diferentemente dos fabricantes nacionais, sendo uma multinacional, conseguiu, no período de crise, criar canais de exportação. “Então a queda de produção não foi tão grande, porque não éramos só dependentes do mercado interno. Então, a nossa retomada não vai ser de um patamar tão baixo quanto a da maioria das empresas”.

Rogério de Antoni (1º a partir da dir.), presidente da Hyva Brasil

Ele acredita sim na retomada, e teve prova disso com o fechamento de pedidos em seu estande na M&T Expo’2018. “Desde a metade do ano, temos sentido uma movimentação maior dos players, do pessoal que compra guindastes, mas ainda não realizando negócios. Uma vez definidas a eleição, aquelas cotações começaram a virar realidade, a virar negócios”. Uma sinalização, confirmada no contato com os clientes, diz o presidente da Hyva, é que aquela grande oferta de boas máquinas, com preços muito bons, no mercado de usados, acabou. Rogério de Antoni entende que o investimento ficou represado em 2018 por conta das incertezas, mas a necessidade de investimento em construção, infraestrutura e na área privada está aí e precisa se realizar. Em relação a 2019,  temos a expectativa de crescimento, não exacerbado, mas de uma melhoria significativa do mercado.”

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