Por Tébis Oliveira
Os primeiros guindastes chegaram ao Cais da Gamboa, no Rio de Janeiro (RJ), em 1910, quando foi inaugurado um trecho de 800 m do projeto de modernização do porto carioca, que ganhou um cais de pedra, um aterro e trilhos por onde os guindastes móveis se deslocavam entre os navios e os armazéns. Até então, as embarcações não podiam atracar pela falta de cais e tinham suas cargas levadas por saveiros, dos quais eram retiradas e carregadas nos ombros por estivadores.
Esses primeiros guindastes – 17 fixos com capacidade para 5 t (5 unidades) e 15 t (12) e um número indeterminado de móveis ou “rodantes” como se falava então – foram substituídos ao longo do tempo. Dos mais antigos, restaram dois equipamentos fabricados pela alemã Kranbau Eberswalde em 1968, modelo DWK, série 3363, com capacidade entre 5 e 6,3 t. Tombados pela prefeitura da cidade em 2015, junto a outros seis remanescentes de anos posteriores, os dois gigantes da Gamboa foram restaurados pela concessionária Píer Mauá e, desde maio passado, iluminam o cais.
Hoje pertencente ao grupo Kraunion, a Kranbau Eberswalde (KE) voltou, em 2008, a utilizar o nome Ardelt, empresa criada em 1902 pelo engenheiro alemão Robert Ardelt, inicialmente como Robert Ardelt & Söhne Maschinenfabrik, passando a Ardelt-Werke em 1913, com a entrada dos três irmãos de Robert como sócios. De montadora de tubos de aço e fabricante de armamentos, entra no ramo de guindastes.
É dela a patente pelo sistema da lança dupla articulada em guindastes giratórios, obtida em 1932. Entre 1939 e 1945, na 2ª Guerra Mundial, produziu toda a série de armas – aéreas, terrestres e navais – para o regime nazista. Grande parte com trabalhadores forçados – judeus e presos políticos. Poucos sobreviveram às condições subumanas da fábrica e nenhum aos campos de concentração.