10 PROCEDIMENTOS PARA UM IÇAMENTO SEGURO

10 PROCEDIMENTOS PARA UM IÇAMENTO SEGURO

Por: Camilo Filho (*)

Todos sabemos que os guindastes são equipamentos essenciais em qualquer obra, desde a simples instalação de uma caixa d’água até uma torre de refinaria pesando centenas de toneladas. Os guindastes são equipamentos diferenciados, com capacidades tremendas que possibilitam o içamento de cargas pesadas a grandes alturas e/ou grandes distâncias.

Dito isso, os guindastes também apresentam riscos potenciais inerentes a sua operação, pois tanto os próprios guindastes quanto as cargas que eles içam podem causar sérios danos quando as operações são mal gerenciadas.

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Fonte: U.S Bureau of Labor Statistics

De 2011 a 2017, foram registradas nos Estados Unidos, 297 fatalidades em operações com guindastes. Dessas mortes, mais da metade foi resultado de trabalhadores atingidos pela carga, parte dela ou equipamentos, e mais de 20% envolveram o operador do guindaste. Essas estatísticas destacam a necessidade da implementação de procedimentos de operação visando a segurança do trabalho em todos os estágios da operação, incluindo mobilização/desmobilização, configuração, apoio no solo, amarração e içamento propriamente dito.

 

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Fonte: U.S Bureau of Labor Statistics

Seguem 10 dicas que irão auxiliar na mitigação dos riscos operacionais na utilização de guindastes. Na verdade, uma dica poderia resumir tudo “PLANEJAMENTO”:

1- ESPECIFIQUE O EQUIPAMENTO CORRETO PARA O TRABALHO.

Uma operação segura, começa com a especificação correta do guindaste. Existem vários tipos de guindastes móveis, portanto certifique-se de selecionar o guindaste certo para o local específico. Por exemplo, um guindaste montado sobre caminhão, apresenta grande versatilidade em termos de deslocamento, porém em terrenos acidentados ou início de obra, talvez a melhor opção seja um RT, um AT ou até mesmo uma máquina sobre esteiras.

2- A EQUIPE DEVE SER QUALIFICADA/CERTIFICADA

A operação segura de guindastes exige pessoal treinado para montagem/desmontagem, rigging (amarração da carga), sinalização e operação. A equipe deve ser formada apenas por pessoal treinado, certificado e devidamente qualificado para operar guindastes.

Mesmo ao utilizar pessoal qualificado, é importante lembrar que guindastes de diferentes fabricantes têm controles, LMI’s e recursos distintos. Qualquer pessoa que opere ou trabalhe com guindastes deve ter uma compreensão detalhada do guindaste específico que está sendo usado.

3- EXECUTE O CHECKLIST DO GUINDASTE

É muito importante que o operador tenha uma lista de verificação de inspeção diária para itens que afetem a segurança da operação. Eu sempre recomendo nos meus treinamentos, que antes de iniciar a operação, o operador dê uma volta em torno do guindaste, olhando para baixo (pneus, suspensão, outriggers, marcas no solo de óleo etc.), assim como olhando para cima (vazamentos da superestrutura, condição de mangueiras, cabos de aço etc.). Essas verificações incluem entre outros itens: verificação de fluídos, pneus, sistema elétrico (condição de partida do motor, luzes, buzina de ré). Feito isto, partimos para a verificação de operação, onde são verificados os parâmetros de operação e testados os limites operacionais: subindo o moitão, girando para a direita e esquerda, subindo e descendo lança e telescopando.

4- ANALIZE O CAMINHO E O LOCAL DA OPERAÇÃO

Os guindastes, são normalmente equipamentos de dimensões consideráveis e possuem em alguns casos a necessidade de licenças especiais de trânsito. Antes do deslocamento do equipamento, é importante que o percurso tenha sido verificado quanto a raios de curvatura e gabaritos verticais. Lembre-se de que redes elétricas impõem uma condição de risco adicional. Já na obra, é importante que o operador tenha um auxiliar para ajudá-lo nas manobras e deslocamentos internos.

5- VERIFIQUE O TERRENO PARA PATOLAMENTO/ESTABILIZAÇÃO

Essa é uma das partes mais críticas do trabalho, a garantia de uma base firme e nivelada para apoio do guindaste. Os guindastes sobre pneus usam cilindros verticais para estabilização, de modo a evitar que o guindaste tombe durante a operação.

Ao estabilizar o guindaste, tenha em mente que serão descarregadas no solo, cargas altíssimas; por exemplo uma máquina AT de 90t de capacidade, tranquilamente pode descarregar 20t numa patola que tem uma área de 550x550mm. Desta forma é imperativo que usemos calçamento (dormentes, chapas, mats) sob as patolas de modo a obtermos uma redução da pressão exercida no solo. O mesmo se aplica as máquinas de esteira.

6- AMARRE A CARGA CORRETAMENTE

Existem duas condições para que uma carga seja liberada para ser içada com o guindaste, ela deve estar estabilizada e balanceada. A amarração correta evita que as cargas se movam, caiam e potencialmente atinjam os trabalhadores ou as instalações da obra.

Ao amarrar uma carga, existem duas considerações:

  • O tipo de amarração: É possível fixar eslingas na carga de várias maneiras, portanto, considere o tipo de carga que está sendo içada, bem como seu C.G.
  • O ângulo das eslingas: Sempre que temos um ângulo diferente da vertical, forças adicionais são induzidas sobre a amarração, reduzindo sua capacidade total de carregamento.

7- INTERPRETE CORRETAMENTE A TABELA DE CARGA

Para uma operação segura, é fundamental que o operador conheça e entenda a tabela de carga do guindaste.

Também é muito importante compreender como um guindaste funciona e quais forças estão trabalhando a favor e contra ele. O principal conceito para se entender é o raio de operação, que basicamente determina que quanto mais afastada estiver a carga do centro de giro do guindaste, menor será a sua capacidade de carga.

8- A SINALIZAÇÃO DA OPERAÇÃO

A comunicação entre os participantes da operação com uso de guindastes, deve seguir o conjunto de sinais normatizados de modo a garantir a perfeita harmonia entre operador e seu sinaleiro, garantindo assim uma operação segura. Os sinaleiros devem ser certificados e qualificados para que sejam capazes de comunicar informações de forma eficaz durante todo o içamento. Em determinadas condições operacionais, é inevitável o uso de rádio. Da mesma forma o sinaleiro deve ser certificado/qualificado para comunicar de forma eficiente com o operador.

9- ATENÇÃO A IÇAMENTOS CRÍTICOS OU COMPLEXOS

Içamentos críticos ou complexos, são trabalhos diferenciados; por exemplo com mais de um guindaste ou com F.U. acima de 85% em terra ou 60% para guindastes sobre pneus embarcados. Além dos citados anteriormente, existem vários outros tipos de içamentos críticos/complexos. Nestes casos, é imprescindível ter um projeto para gerenciamento de risco. O plano de rigging, é parte deste projeto, juntamente com outras ações paralelas. Desenvolva um plano abrangente, acompanhe-o de perto e monitore a situação para quaisquer ajustes necessários durante o içamento.

10- BOAS PRÁTICAS

  • Use sempre os EPI’s adequados ao ambiente de trabalho;
  • Escolha o equipamento correto;
  • A equipe certificada/qualificada;
  • Execute o checklist do equipamento;
  • Verifique a área de trabalho;
  • Estabilize o guindaste corretamente usando dormentes, chapas e mats;
  • Inspecione os acessórios imediatamente antes de usa-los
  • Amarre a carga corretamente
  • Mantenha a área de operação isolada
  • Siga o plano de rigging
  • Mantenha uma comunicação eficaz
camilofilho(*) Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 39 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é autônomo e consultor da IPS Engenharia de Rigging. Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com.

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3 comentários em “10 PROCEDIMENTOS PARA UM IÇAMENTO SEGURO

  1. Que legal que temos alguém que conhece tanto os equipamentos de içamento de cargas

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