SINALIZAÇÃO EM IÇAMENTOS NÃO É PARA AMADORES

DICAS 

Por: Camilo Filho (*)

Hoje, com o aumento da demanda por esse tipo de profissional,  o que tenho visto nas obras são jovens com muito pouca experiência exercendo essa função. O que ocorreu é que devido a um aumento surpreendente na demanda, em um curto espaço de tempo, não havia mais esses ajudantes práticos disponíveis  dentro das empresas. E é aí que todo operador tem um “gente boa” para indicar e começam a surgir os cunhados, irmãos, primos, vizinhos e etc. que, da noite para o dia, tornam-se os sinalizadores.

Ora, se o trabalho desse profissional está diretamente ligado à segurança da operação do equipamento, ele também tem que ter experiência, treinamento e certificação, para que o processo como um todo seja coerente.

Eu lembro de casos hilários, como o do sinalizador que era gago, e não é difícil imaginar sua performance quando responsável por um içamento cego: su…su…su…su…su…subir… . E o outro que para realocar um tanque subiu em outro que estava ao lado (segundo ele, para ter uma visão melhor do içamento), e veio trazendo a carga para cima dele, foi andando de costas na plataforma do tanque vizinho e no final a plataforma acabou e ele, para não ser esmagado, teve que pular de uma altura de uns 5 metros!

Os candidatos a “Sinalizador” têm que preencher alguns requisitos mínimos dentre eles podemos citar:

# Devem estar em boas condições físicas de saúde, ter boa visão, e não ter restrição a trabalhos em altura.

# Devem ter no mínimo o primeiro grau completo, para ter capacidade de ler e entender as tabelas de carga, catálogos de acessórios e ter condição de assimilar os treinamentos inerentes a função.

# Devem ter experiência prévia em movimentação de cargas. Isso implica, por exemplo, entender que ocorre o fenômeno de flexão na lança do equipamento.

# Devem, depois de treinados, entender as diferenças entre os vários tipos de guindastes e sua operação: nem sempre os sinais válidos para um guindaste telescópico são válidos para uma máquina treliçada.

# Devem entender o que vai acontecer com a carga após o operador executar o que lhe foi pedido. O “Sinalizador” deve estar ciente, por exemplo, de que um sinal para abaixar a lança pode rapidamente fazer com que o guindaste perca capacidade e até mesmo levar ao tombamento!

# Devem obviamente conhecer e executar com proficiência todos os sinais manuais padronizados.

# Devem, após treinados, orientar via radio o operador com clareza e exatidão, ou seja: a) Função, b) Direção, c) Velocidade d) Parada.

# Devem saber que ações tomar caso haja uma falha na comunicação (um rádio cuja bateria descarregou por exemplo). Todos os sinais devem ser contínuos, não importa se manuais ou via rádio. Se algum imprevisto ocorrer , o  “Sinalizador” deve imediatamente dar o sinal de parada ou parada de emergência até que o mesmo esteja resolvido e a carga possa ser movimentada sem o risco de um incidente/acidente.

Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com 38 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS – Engenharia de Rigging, é também membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA). Sugestões e comentários: camilofilho@hotmail.com 

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