IÇAMENTO DE CARGA HORIZONTAL COM DOIS GUINDASTES

IÇAMENTO DE CARGA HORIZONTAL COM DOIS GUINDASTES

Por: Wildes Larcher Neto *

Içamentos envolvendo mais que um guindaste é constante no dia a dia dos profissionais envolvidos neste tipo de atividade, porém é importante saber que são considerados críticos. Isso devido o acréscimo de variáveis que surgem na interação dos equipamentos e operadores, tornando o planejamento, operação, monitoramento e controle mais suscetíveis a falhas, elevando a complexibilidade e, consequentemente, o grau de riscos da operação.

Por esse motivo, o planejamento detalhado (plano de rigging) deve ser seguido e a operação supervisionada por profissionais capacitados e com um alto nível de habilidade, a fim de que se execute o içamento de maneira segura e controlada.

ANÁLISE DO COMPARTILHAMENTO DE CARGA

Para iniciar uma análise de compartilhamento de carga em içamentos com dois guindastes é necessário que o engenheiro de rigging possua três informações:

  • Peso da Carga a ser içada;
  • Posição do centro de gravidade (C.G) da carga a ser içada;
  • Posição dos pontos para amarração (olhais, alças, munhões, furos, etc.);

 

rigging-compartilhamento

Dispondo destas informações podemos utilizar do método de equilíbrio dos corpos rígidos para determinar as cargas em cada guindaste.

EXEMPLO:

Utilizando o método citado temos:

P1 = 24.000,0kgf;

P2 = 56.000,0kgf;

CONSIDERAÇÕES NO CÁLCULO DE RIGGING

Visto que a analise de compartilhamento de carga é feita através das três informações recebidas do responsável pela carga, durante os cálculos de rigging é importante tratar possíveis desvios, já que que, na maioria das vezes, o peso da carga e o C.G. são teóricos, ou seja, determinados através de cálculos e esses estão suscetíveis a variações durante a fabricação.

O ideal é que o desvio considerado seja determinado junto ao responsável pela carga, tomando como base o grau de confiabilidade das informações.

As considerações de cálculo devem ser informadas no plano de rigging de modo que o responsável pela carga tenha ciência das limitações de rigging.

VARIAÇÃO NA POSIÇÃO DO C.G.

Considerando o exemplo anterior onde o C.G.teórico encontra-se a 7,0m de P1 e 3,0m de P2, suponha uma variação do C.G.real de +-5% da distância entre olhais (5% de 10,0m = 0,5m).

Se essa variação tender para P1, temos P1 = 28.000,0kgf.  Ou seja, o peso que calculamos com base em nosso C.G.teóricoaumentou de 24.000,0kgf para 28.000,0kgf, este acréscimo é de 16,67%.

Se essa variação tender para P2, temos P2 = 60.000,0kgf.  Ou seja, o peso que calculamos com base em nosso C.G.teóricoaumentou de 56.000,0kgf para 60.000,0kgf, este acréscimo é de 7,14%.

Perceba que o acréscimo pode ser significativo quando se trabalha próximo dos limites da tabela de carga. Obviamente quanto maior a incerteza na posição do C.G., mais imprecisa nossa distribuição de carga.

Portanto, o acréscimo, devido à incerteza na posição do C.G., deve ser calculado e considerado durante o dimensionamento dos guindastes, no momento do planejamento das operações, pelo profissional responsável pelo plano de rigging.

Artigo publicado na edição 52 da revista Crane Brasil (março-2017) 

(*) Wildes Larcher Neto Engenheiro Mecânico, pós graduado em estruturas metálicas e especialista em içamentos pesados, com 10 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Na época da publicação do artigo era um dos responsáveis técnicos da IPS Engenharia de Rigging. Atualmente, é Diretor Técnico da Desperte Engenharia.  wildes@desperte.eng.br

 

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