Por: Wildes Larcher Neto e Renato Garcia Cavalcanti (*)

Neste artigo vamos compartilhar uma realidade de mercado que, por constância, chega parecer normal. A questão aqui é sobre os desafios e necessidades de projetos que requerem soluções de amarrações onde a barra de içamento é indispensável, no que tange ao atendimento das características da carga: dimensões, geometria, peso, número de pontos de içamento e posicionamento do centro de gravidade – seja para manutenção, para uma nova montagem ou até mesmo em caso de uma emergência que possa fugir de padrões normais a depender de cada situação.

Vamos raciocinar da seguinte forma: hoje temos fabricação de equipamentos, estruturas e máquinas por todo mundo, com fornecimento a todos os países, em maior proporção aos mais desenvolvidos, que se tornam parâmetros, modelos referenciais. Assim, sabemos que, a partir do momento que a tecnologia se estabelece, a tendência é que o mundo se adapte. Os fabricantes, portanto, atuam contando quase sempre que, independente de onde for a entrega para montagem do produto fornecido, os acessórios de movimentação de cargas atenderão as  especificações, ou seja, contam que da mesma forma que uma carga é movimentada em Cingapura, por exemplo, também será na América Latina, sem distinções.

Em países mais desenvolvidos, as empresas possuem cada uma seu próprio conjunto de acessórios, onde concorrem de maneira acirrada com base em sua expertise e capacitação técnica. No Brasil, vemos um imensurável potencial, porém com falta de consciência do valor agregado em agir antecipadamente na criação de barras de içamentos que sejam versáteis a ponto de se aplicar a praticamente todos os cenários de mercado, podendo ser balancins de múltiplos olhais, balancins modulares, balancins telescópicos de ágil configuração, quadros modulares, etc.

Para isso, um design de barra de içamento multiuso com ponteiras e conexões adaptáveis e intercambiáveis seria o ideal para as empresas fornecedoras de serviços, cuja concepção venha a suportar módulos adicionais, podendo ser construídos conforme demanda de mercado, ampliando o patrimônio de maneira estruturada com investimento gradativo, tornando-se assim um dispositivo de maior frequência de uso, quase que para todas as aplicações, alternando as capacidades de acordo com suas respectivas configurações de montagem.

Com a experiência somada de aproximadamente 30 anos, com participação em projetos dos mais diferentes graus de complexidade técnica e logística, junto às maiores e menores empresas, nacionais e internacionais, temos a tranquilidade de compartilhar essa realidade que conhecemos, atuando fortemente no desenvolvimento de projetos com essa finalidade, assumindo assim uma parcela de contribuição na quebra deste paradigma em nosso setor.

E o que temos visto é que esse cenário de disponibilidade de recursos limitados faz com que muitas vezes o processo inverso venha a prevalecer: o projeto de amarração tem que se adequar à disponibilidade do mercado e assim exigir uma engenharia adicional para a viabilização. Um exemplo disso é quando o balancim disponível não possui distância entre olhais iguais aos da carga, fazendo com que as eslingas não se acomodem exatamente com a vertical.

Por conta disso, teremos um dispositivo que não está cumprindo com a sua concepção, tornando necessário o acréscimo de medidas de engenharia, como análise de esforços adicionais na carga, nos acessórios e até mesmo no próprio balancim. O que certamente irá acabar impactando o cronograma e onerando o projeto, com custos adicionais que excedem facilmente o orçamento comparado à decisão de um design e fabricação antecipada do acessório ideal, que ainda terá infinitas aplicações podendo ser amortizado e diluído parcialmente a cada projeto.

Conseguem visualizar o valor agregado de uma barra de içamento multiuso? Assim, esperamos cumprir com parte de nossa missão, contribuindo para a elevação dos padrões no segmento de movimentação de cargas.

• • Wildes Larcher Neto e Renato Garcia Cavalcanti, diretores da Desperte Engenharia, são engenheiros mecânicos, pós-graduados em estruturas metálicas e gerenciamento de projetos. Contatos:
  • wildes@desperte.eng.br – (11) 9 4645-4195 e renato@desperte.eng.br –  (11) 9 4161-4045